Você passou por mais uma historinha que tinha tudo para ser a definitiva, mas que por algum motivo não deu certo e agora não quer mais saber de amar, não é?
Hoje você sai por aí dizendo a quem queira ouvir que o seu coração está trancado, que a sua capacidade de amar secou como uma folha no outono e que não há quem te convença a se abrir novamente. Você é um caso perdido para o cupido. Você é uma casca vazia dos sentimentos que um dia te habitaram. Você é só o que sobrou de quem você era antes.
Será mesmo?
Eu sei como é. Sei como é se decepcionar tão profundamente que na procura de culpados, até o pobre do amor parece o vilão perfeito. Sei como é perder as esperanças, a fé e a capacidade.
Mas também sei como é reencontrá-las alguns passos adiante.
Deixa eu te falar uma coisa. Eu, você, e todo o resto, possuímos uma predisposição natural para o amor. Podemos não saber muito como esse lance do coração funciona, mas a nossa capacidade sempre estará lá. Latente, acesa, viva, dentro de todos nós. Esperando uma brecha, uma chance, uma oportunidade de acontecer de novo. E de novo, e de novo, e quantas vezes for preciso.
Não adianta negar. Ela está dentro de você também. E sempre estará.
A chama do amor que queima dentro de você, ninguém pode apagar. Nem você mesmo.
Não adianta amaldiçoar o amor. Ele é imune a decepções momentâneas.
Porque a gente gosta de amar. A gente gosta de filme, de música, de história de amor. A gente gosta da saudade, do abraço, do carinho e dos beijos. A gente gosta das palavras, das declarações e dos emoticons no final da mensagem. A gente gosta de se emocionar, de sentir, de corar. A gente gosta de viver de amor e de morrer por ele também. A gente gosta do amor até quando ele não gosta muito da gente.
Dói ter que levar cada sonho, cada plano e cada expectativa para o saco do esquecimento. Eu sei que dói. Recomeçar não é fácil. Mas ninguém disse que seria.
Só que apesar de difícil, a dor não é eterna. Não há ferida aberta que não se feche. Não há dor que a ventania do tempo não consiga levar para longe. Não há passado que não passe.
E quanto antes você aprender isso, antes abrirá mão dessa dor que agora você cuida, cria, alimenta e se recusa a deixar ir embora.
Você está dando importância demais a só mais uma das dezenas de outras historias de amor que farão parte da sua vida. Você está se prendendo a algo que você não sabia, mas estava desde o início destino a ser passageiro. Você está segurando essa dor no peito como se segurasse o amor que foi embora. Mas desse amor que um dia queimou, não restou mais nada. Só a fumaça. E ela é tóxica. Então é hora de abrir as janelas, a porta, a vida e o coração.
Liberte-se dessa dor. Logo atrás dela vem uma nova fornada de amor, quentinha, recém saída do forno. Vai lá provar, vai! Quem sabe o gosto desse amor não é ainda melhor do que o anterior? Quem sabe esse amor não é ainda maior, ainda mais vivo, ainda mais completo e real?
Não precisa se jogar de cabeça logo se não quiser, não. Mas bota os pézinhos nessa água. O medo irá embora conforme a vontade de mergulhar for chegando. E não se preocupe. Ela vai chegar. Pode até demorar, mas uma hora ela chega.
Confia em mim. Eu sei do que falo.
E sei também quando te digo que por mais que você não esteja procurando pelo amor, ele está sempre procurando por você. E uma hora ele vai te achar. E quando achar, não há volta. É uma viagem só de ida.
Então é melhor já deixar as malas prontas na sala, porque o amor está chegando.
E ele não bate na porta. Ele arrebenta. A porta, a sala, a casa, você.
Ele arrebenta para construir tudo de novo. Numa versão ainda melhor, ainda mais forte, ainda mais sábia, ainda mais completa, ainda mais resistente e ainda mais capaz de amar.
Porque só o amor cura o amor.
Marina Barbieri